A empresa pública de distribuição de electricidade em Angola foi autorizada em Agosto, pelo Presidente da República, a comprar 40% da Winterfell Industries, sociedade liderada por Isabel dos Santos e que controla a Efacec Power Solutions.
A autorização de José Eduardo dos Santos consta de um despacho de 18 de Agosto, justificando a compra, pela estatal Empresa Nacional de Distribuição de Electricidade (ENDE), com a “necessidade da realização de investimentos estratégicos com vista a reforçar a capacidade operacional do sector empresarial público angolano” na área energética.
Filha do presidente que, sem nunca ter sido nominalmente eleito está no poder há 36 anos, Isabel é considerada a mulher mais rica de África. Através da sociedade Winterfell, Isabel dos Santos anunciou a 4 de Junho a compra de 65% da Efacec Power Soluntions, que agrupa as actividades centrais do grupo Efacec, com o objectivo de reforçar financeiramente a empresa portuguesa.
Em comunicado emitido na ocasião, aquela sociedade já se apresentava como “maioritariamente detida por Isabel dos Santos” e também “participada pela ENDE”, tendo justificado a compra da Efacec Power Soluntions igualmente “como forma de relançar a sua estratégia de internacionalização através de uma orientação para áreas e geografias em que detém capacidades competitivas superiores”.
Desconhece-se (o contrário é que seria de estranhar) a actividade realizada pela Winterfell antes desta aquisição ou o custo da compra de 40% do capital social pela ENDE, conforme prevê o despacho assinado por José Eduardo dos Santos, que entrou em vigor a 18 de Agosto.
“Tendo em conta a reforma em curso destinada a dotar as entidades públicas empresariais de maior capacidade organizativa, melhor conhecimento da actividade e reforço da capacidade competitiva. Considerando que este desiderato fica melhor servido pela associação das empresa ou pelo empresariado nacional com parceiros estrangeiros que aportem o know-how necessário à prossecução dos objectivos estratégicos de maior inserção competitiva a nível internacional”, justifica o despacho presidencial que autoriza a compra.
Recorde-se que o Estado vai ter de capitalizar a ENDE, criada em Novembro de 2014 no âmbito da reforma do sector energético, com 5.417.600.000 de kwanzas (38,6 milhões de euros), segundo um despacho presidencial, igualmente assinado pelo Presidente José Eduardo dos Santos.